01/10/2012
Bia olhava o movimento do vagão,
o balançar dos olhares
e viu dois se cruzarem com ternura.
O senhor, logo à frente, observava uma “moça” do outro lado do corredor.
Cerca de 50 anos, cabelos negros, o olhou de volta.
Bia sentiu, viu nos dois, a imaginação de toda uma vida
Um lugar vagou, ao lado dela. Ele observou,
como que em dúvida se levantava ou não, hesitou.
Um lugar vagou do lado dele. Ela observou. Se olharam; ela levantou; foi em sua direção. Ele se encheu de brilho. Ela se virou um pouco para a esquerda e saiu do trem. Ele murchou. Os olhos de Bia se encheram de lágrimas. Viu nele as mesma imagens que produziu, tantas vezes, em sua mente; com tantos olhares cruzados de estranhos que amou (profundamente) naqueles segundos. Vidas que dividiram. Se viu, ali…
A mão marcada, de um viúvo, que tirou a aliança (a qual usará por 30 anos) há poucos meses.
Se viu ali… Na batida dos trilhos. Se viu no balançar de um coração cansado de esperar.
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