sábado, 23 de junho de 2007

2005, Carlito (2006), 2004...




Fecha a janela e se esconde
do mundo
enquanto ainda pode.
Depois dos lobos chegarem
será tarde,
tarde demais!


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[Sobre Calito Azevedo]


Ele era carioca, usava óculos e tinha o cabelo meio desajeitado... Lembrei das férias em Paquetá; mas o livro na minha mão dizia Galápagos! Hoje, sem querer, associei os dois. Ilhas... A última ilha que fui deve ter sido Ilha Bela – lembro que remei lá e remei hoje, na hidro, também... Mas não é a mesma coisa... Caiaque é muito melhor. – Agora, escrevendo, eu sei que estava errada. A última ilha, na qual estive, foi Florianópolis. Concentração! O cabelo, do moço carioca, está começando a ficar branco; com aquele charme - meio grisalho - de quem tem mais de quarenta... Ele tinha uma certa alegria de quem ainda quer viver mais do que o dobro do que já viveu... Parecia gostar da vida! Acho engraçado isso... Gostar da vida... Nunca entendi como alguém pode gostar.



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Sabe quando o grito fica entalado na garganta e parece que absolutamente nada te faria se sentir melhor? Claro que sim. Quantas vezes já deve ter ouvido que estar vivo significa apenas estar morrendo?
Meu coração tem disparado, de novo, ultimamente. Não sei se é por não suportar a ausência ou a presença de algumas coisas.
Parece ridículo, mas é meio inesperado imaginar que o mundo possa me dar muitas alegrias ainda. Lembrei que “A vida, para mim, não tem qualquer sentido. Ter nascido, estar vivo, ser eu mesmo o centro do Universo em termos de consciência, tudo isso eu sinto apenas como um fascinante, incompreensível e indesvendável mistério.” É lembrei-me disto. E mais uma vez estas palavras me tiram, por completo, qualquer vontade que eu pudesse ter de escrever.

A idéia das páginas me martelava a cabeça. O que poderia escrever para compor as malditas 50 páginas? Pensei em repetir várias vezes a mesma frase... Mas isso não tem nada a ver comigo. ´Isso não me convêm` – sempre achei estranho estas palavras.
Hoje pensei em ir comprar laranjas. Tomar suco, todas as manhãs, deve fazer bem. Lembro que gostava dos dias nos quais tomava café da manhã, na padaria no caminho até o metrô. Ou, às vezes, conseguia tomar um suco na faculdade – verdadeiro milagre, lá laranja é coisa rara.
Não terminei de escrever a música, que comecei ontem, no ônibus. Falava em amar de novo e para variar fiquei sem saber o que dizer sobre o assunto. Não quero amar de novo. Quero apenas continuar amando.
Outro dia vi um filme que tinha muita dança latina. Fiquei com saudades de dançar. Adorava dançar... Costumava pensar que seria difícil viver com alguém que não gostasse. Com os anos fui descobrir que não é. Hoje não posso dizer que a música não faz parte da minha vida, pois quase todo o dia escuto alguma coisa. Mas a dança quase não me acompanha – ou será que sou eu que não a acompanho? Bom; o fato é que aqui praticamente não danço. Será que é isto o que me falta?


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Isso aconteceu no meu prédio antigo. A mulher deve ter achado que eu tinha uns 10 anos a menos. Sem mencionar que sou vegetariana.

31/05/2004

Chego no meu prédio e uma mulher sai da portaria, em direção ao elevador. Até ai nada de estranho. Ela fica lá, esperando comigo, o elevador chegar. Derrepente a mulher começa a falar: "É imagina ele com esta perua-combe. Chegando esta hora... Eu costumava trabalhar com uma menina que vinha do colégio e chegava perguntando se eu tinha feito batata, salada e Bife" Pausa. Fiz cara de "?" e imaginei que ele deveria ser alguém que estava na garagem. Ela continuou: "É toda menina gosta de chegar, esta hora do colégio e comer batata, salada e um bom bife; né?!" Nossa! Menina? Colégio? Bife??? Ele chega, realmente veio da garagem. Ela repete a mesma coisa “Eu estava dizendo para ela que toda menina gosta de chegar, do colégio, a esta hora e comer batata, salada e bife” Ele disse qualquer coisa da qual não me lembro e depois disse que tinha engordado. Ela disse que ele estava bem, bonito. Eu sorri. Ela disse: “Olha, ela riu! Eu sou fã dele; sabia? A fã número 3”. Imaginei que as fãs 1 e 2 deveriam ser a mulher e a filha dele. Ela deveria ser a empregada. Eles saíram do elevador e ela foi dizendo, para ele, que as fãs 1 e 2 eram a mulher e filha dele. Eu continuei com cara de “?”.

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No final do ano passado resolvi marcar uma consulta com um oftalmologista. Uma amiga minha me passou o telefone de profissional que o médico dela recomendou. Liguei. Uma secretaria atendeu. Eu disse: Eu gostaria de marcar uma consulta. Ela perguntou se eu já era paciente, eu disse que não. Ela perguntou se a consulta era de oftalmologia ou de neuro-oftalmologia, explicando que o convênio não cobria consulta do segundo tipo. Eu disse oftalmologia. Ela insistiu: “Tem certeza? Porque se não for depois você vai ter que marcar de novo.” Eu disse que tinha. Ela me perguntou se eu já tinha ido em algum oftalmologista. Eu disse que sim. “Você teve encaminhamento?” Eu: “Não”. Ela: “Então você nunca foi num oftalmologista antes?” Eu : “Já”. Ela: “Quem te encaminhou”. Numa destas eu já tinha me tocado que a mulher não batia muito bem. Eu disse: “Ninguém me encaminhou. Uma amiga minha me passou o telefone. O Médico dela disse que talvez o Dr. Luiz pudesse me ajudar.” Ela perguntou se eu tinha algum problema de visão. Eu expliquei sobre o meu possível problema no quiasma óptico. Ela disse que se fosse consulta de neuro-oftalmologia o convênio não cobria, de novo. Eu mais uma vez disse que não. “Quero uma consulta normal. Se precisar depois marco uma de neuro”. “Mas você vai ter que vir aqui de novo. Se for o caso de neuro”. - Ela insistiu. “Não tem problema. Prefiro que o médico me diga se é preciso”. Ela balbuciou alguma coisa sobre o Dr. Luiz ficar bravo, se ela marcasse um tipo errado de consulta. “E você teve indicação de quem?” Eu juro que tive muita vontade de xingar e bater o telefone na cara dela... Mas pensei ‘Cheguei até aqui. Agora é só agüentar mais um pouco.’ Disse que ninguém. Ela me perguntou se poderia ser no dia 23/12 – ‘quase no Natal’ pensei - , eu disse que não. Então ela marcou para o dia 24/01, as 13:30h. Mas claro que antes de desligar me perguntou se eu tinha mesmo certeza que queria uma consulta normal e se eu nunca tinha ido num oftalmologista antes.
No dia da consulta ela ainda me perguntou se eu era casada, se eu tinha sido encaminhada e depois, mais uma vez, se eu era casada.

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30/05/2004

Sábado... Nunca tinha subido naquele coreto antes! É até estranho pensar que passei por ali tantas vezes e nunca estive realmente ali como ontem.

Noite de jasmim na praça da Liberdade.

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